terça-feira, 29 de junho de 2010
O canto do Pardal
Não sei onde
Não sei com quem...
Preciso dar acalento à minh’alma
Dar conforto ao meu espírito
Preciso de paz
Preciso de abrigo...
Sinto-me perdido
Melancólico, choroso...
O pássaro sem asas
Não voa mais...
Aquele pardal não é mais bem quisto
Aquele que um dia habitou tua gaiola
Aquele que um dia cantou para ti
O canto não é mais o mesmo
Não toca mais teu coração
A alma agora dói
A liberdade engana muito
Porque um pardal triste
Não canta mais
Um pássaro vagabundo
Será pra sempre vagabundo...
Vozes mortas
Ouço vozes mortas...
Que não me deixam em paz
Penso na morte
Penso em ficar só
Na morte de todos ao redor
Morte real ou simbólica...
Quero morrer antes de todos!
Quero ter paz no meu coração
Quero me livrar da humilhação
E das amarras da vida!
Não consigo dormir...
...ouço vozes mortas
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Mais próximo que a própria alma
Não deveria ser tão difícil,
não quando o objeto de desejo
está mais próximo
que sua própria alma,
e mais certo que o
repouso eterno.
Somos o nosso próprio castigo
estamos fadados a implorar
todos os dias pelo
veneno que não mata,
e a esperar ansiosamente
o desassossego.
Caminhamos de olhos vendados,
procurando o que está mais próximo
que o calor do nosso corpo.
Como um casulo oco é a nossa vida,
nos perdemos na liberdade,
e a nossa única imagem,
deve estar escondida atrás
de alguma estrela.
Vivemos com a esperança
de que a vida volte a nos fazer
companhia.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Surdo para conselhos, cego para caminhos
Porque me dizes o que fazer se sei de tudo?
Quando eu saio sozinho sei exatamente o que vai acontecer
Quando estou com meus amigos, sei realmente quem são
Porque não me deixas pai, por quê?
Dane-se seus conceitos velho!
Dane-se tudo o que diz pra mim!
Não quero saber de nada
Sou dono da minha cabeça
Dono do meu caminhar!
Quem me dera n ter dito isso
Quem me dera voltar atrás
Veria que ele estava certo
Veria que errei gravemente
Porque não te ouvi antes?
Antes de o mal acontecer
Antes da luz apagar
Antes do meu mundo morrer...
Agora isso dói
Agora isso sangra
E sangrando vou vivendo
Sem ouvir seus conselhos
Conselhos esses que desprezei veemente...
Porque agora sei que não é fácil
Sei que você era serio
Sei que me amava
Sei que se preocupava
Se que me cuidava
Agora, perdido
Procuro de novo as migalhas que você sempre jogou
Mas que eu sempre enterrei
Procuro de novo o caminho
Que você sempre mostrou
Procuro de novo a vida
Procuro de novo a paz...
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Sampa para os meus versos
São Paulo onde o céu é cinza
e há estrelas no chão
não para, acompanha majestosa
o ritmo da nação.
País de um país,
reflexo do progresso
e sobre a tela do mesmo,
um horizonte se encolhe
um invasor cutuca as estrelas,
que protestam
nos privando de sua beleza.
Nas orquestras, um canto pra alma,
nos palcos dos teatros,
o real e o ilusório
entrelaçam-se
nessa hora são amantes.
Nas grandes telas, a vida é encenada,
e a mãe Sampa que acolhe,
vitrine dos colarinhos,
anfitriã das culturas.
Possui como figurantes,
Pequeninos atuando no cenário da miséria.
Em troca, lhes são dados anos,
para acrescentarem á sua pobre vida juvenil.
Sampa do amor,
Sampa do pavor,
Sampa do encanto,
Sampa do pranto,
Sampa para os meus versos.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Olhares
Cruel demais para nossos olhos
Esses mesmos olhos de mães
Olhos que cuidam e acalentam
Olhos que vem para nos dar conforto
E paz
Olhos que não existem mais
Esses olhos de crianças
Crianças que não choram de alegria
Crianças que não choram de surpresa
Com um belo presente em mãos
Crianças que choram de desespero
Crianças que choram de dor
Esses olhos trabalhadores
Cansados, famintos
Sedentos por paz, saúde, dignidade
Sedentos pela felicidade que
Outrora presente
Agora se encontra ausente
Olhares fraternos, olhares sinceros
Olhares humanos
Olhares esses que não possuímos mais
Somos frios, desumanos, cruéis
Cruéis demais para enxergarmos
Com esses mesmos olhos que cegamos
O fim para o qual caminhamos...
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Pátria que sangra
De boca fechada, vi o chão manchado de sangue
De sangue está suja a minha Pátria!
E o último suspiro, é um grito de desabafo...
Só resta a mesma trajetória falha
A mesma rotina triste e desumana.
Todos nós temos o mesmo sangue,
Sangue latino, sangue brasileiro
Sangue dependente, sangue desmerecido
Sangue que mancha as calçadas
Sangue transparente que ninguém vê.
Eu clamo por aqueles que tiveram as vozes caladas.
Até quando irão matar os meus irmãos?