sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Lamurias

Calei-me...
Já não agüento mais...
Tantas palavras, tantas ações...
De nada adiantam

Meu inferno acontece há 20 anos!
Por quantos mais passarei nele?
O que tenho que fazer para que isso acabe?
Me dói só de pensar...

Já morri tantas vezes
Tantas vezes renasci
Como quando era criança
E esperava ela voltar
Fechei meus olhos
E quando dei por mim
Esperava fielmente que ela partisse

O que eu faço?
Meus pedidos não são atendidos
E minha lamurias n são mais ouvidas
Ecoam dentro de mim

E dentro de mim minha alma morre
Dia após dia, grito após grito
Dissolve minha consciência
E me mata... me humilha... me diminui...
Hoje já não consigo sorrir
Não debaixo desse teto
Olhando a face do demônio
Cada manhã...
Cada tarde...
Cada noite...

Meu espírito sente dor!
Me tira, alguém, desse padecer!
Estou cansado de fechar meus olhos
E ver que morri mais um pouco...

(Lucas Della Iglezia)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Não há título, Fiz p/ ti a quem pertence meu coração!

Desta vez o sol estava ao leste,
Enfeitando o vibrante azul do céu
Colorindo as nuvens num tom alaranjado;
A brisa soprava dentro do meu ventre.

Entre perguntas e sorrisos,
Desvios e negações.
Foi a frieza daquelas palavras,
Me fez parar o olhar.

Uma face tão expressiva,
Quanto quadrinhos sem imagens,
Como um pássaro em cativeiro,
Como Guns sem Slash,
Saber sem Emya.

O sorriso pousava
Sempre no mesmo canto dos lábios,
Havia pintas na sua pele de mármore.

Suas vestes lembravam
Um tempo de repressão.
Foi como ver a mim
Em outra versão.

Sua pretensão, o fez
Desacertar aquela questão.
Erro que fez de cada dia
Uma nova canção.

Foram inúmeras as noites
Que me afastaste o sono.
Em uma delas me falou
Sobre os ciscos nos seus olhos.

Ao despedir do luar
Esperava ansiosa
Para ver o que não se fazia notar.

Era para ser uma noite
mais escura que o normal,
mas com facilidade tudo se via.
E o som medieval foi substituído
Por pop rock nacional.

Lentamente senti o calor
Que jamais esqueceria,
Os lábios que sempre desejaria,
O abraço pelo qual suplicaria.



A partir de então a Av. Paulista
Tornou – se testemunha
Daquilo, cujo surgimento
É inexplicável.


Apresentou – me o melhor som do mundo,
Deixou-me ver o brilho
Dos seus olhos castanhos
E tocar seus intocáveis cabelos.

Foste a tela, fui o pincel,
Pintamos um pôr do sol ao leste.

Foste o torno, fui a argila
Esculpimos o Arthur e a Sophia.

Foste o regente, fui a batuta,
Regemos lágrimas e sorrisos.

Como “John Stockwell”,
Dirigimos gargalhadas e gritos.


E hoje neste dia nublado,
Ao som de Chico Buarque
Estás nos cantos da minha casa.

Na janela do meu quarto,
No sofá,
Na caixa de sucrilhos,
Nos ovos mexidos,
No toque do meu celular.

Descobri o que manchou
as páginas do meu livro,
Foram as lembranças
Do seu pulsar, do seu amar,
Da vida sobre o seu olhar.